TDOTS - Capítulo 16



Capítulo 16:

Por um longo momento as palavras ficaram no ar, a tensão tomou conta do local e a única coisa que se ouvia era a respiração das duas semideusas. Aléxia pensava que Katherine não iria lhe dizer a verdade, mas na verdade a semideusa mais velha estava apenas tentando se controlar com a avalanche de emoções que aquela época implicava.
-Por muito tempo éramos como um trio, assim que eu vi Poseidon no final daquele ano me encantei por ele, assim comecei a ir em festas do Olimpo onde apenas os deuses eram convidados, nunca entendi o porque eu era a única semideusa que poderia entrar, talvez pelo fato de que fui criada por Hades e Perséfone. Eu sabia que era errado o que eu fazia, mas não me importava de ver ele apenas de longe, eu sempre ficava com Apolo e nós dois nos divertíamos demais, mas o deus do mar sempre implicava com nós dois ou qualquer coisa, seu padrinho achava graça disso, mas eu não, muitas vezes o xinguei e vice versa, todos sabiam que era colocar Katherine e Poseidon em um mesmo ambiente que era briga na certa, nós divertíamos todos os deuses com isso, então eles não se importavam muito, isso aconteceu por dois anos e meio.

“Certa vez, ouvi uma conversa entre Ártemis, Atena e meu pai, ele e Ártemis queriam que eu fosse para a caçada, mas Atena dizia que não era prudente devido a profecia. A deusa da caça revoltada disse que isso era um absurdo Afrodite influenciar desta forma minha vida. Confusa, entrei na sala e perguntei o que se passava, foi então que Atena disse que a muito tempo atrás uma profecia me envolvendo fora feita e assim que eu nasci havia ganhado a benção do Olimpo, mas a benção mais forte era a de Afrodite que era minha protetora e guardiã.”
Katherine dizia em uma voz monótona, mesmo por dentro estar com sensações conflitantes em momento algum alterou a voz. Aléxia estava perdida na história imaginando as cenas enquanto estava aconchegada nos braços e nas caricias de Katherine em seu cabelo, assim a semideusa mais velha continuou.
-Eu esperei Hades dizer que era mentira, mas ele não disse. Magoada por eles terem escondido isso de mim, na minha cabeça era a minha vida que estava em jogo e sem saber do resto da profecia eu sai correndo e parei naquela pedra perto da macieira encarando o mar. Naquele momento eu chorava como uma pequena criança desesperada. Foi assim que uma luz forte que mesclava entre branco e azul apareceu, eu já tinha visto ela antes, por isso limpei rapidamente as lágrimas e seu pai apareceu. Lindo, forte, com apenas os cabelos molhados, com aquele porte sério de sempre, por um momento pensei que ele fosse querer implicar comigo, as vezes ele mais parecia um semideus do que um deus, mas não, como um verdadeiro homem ele sentou ao meu lado e perguntou o que queria.
“Lembro exatamente quais foram minhas palavras: ‘Acabo de descobrir que meus pais e todos vocês me esconderam que existe uma profecia me envolvendo’. Então, ele me puxou para seus braços e pela primeira vez me consolou dizendo que nem sempre era bom saber sobre as coisas e que sempre deveríamos ficar no anonimato. Daquele dia em diante eu sempre era vista com Poseidon e assim como Apolo ele virou meu melhor amigo. No acampamento os únicos que sabiam eram Richard e Jhonny, meus dois melhores e únicos amigos diziam que era tudo coisa do destino e que ou eu ficaria com os dois ao mesmo tempo, ou ficaria com um deles. Eu achava uma besteira, pois até onde eu sabia, Poseidon é casado.”
Tomou uma lufada de ar e continuou.
-Por quase um ano e meio Poseidon e eu ficamos apenas como amigos, ríamos juntos, fazia quase tudo juntos, quase, pois eu tinha as missões do acampamento para fazer e missões essas que eu estava sempre com meus melhores amigos. Enfim, por um ano e meio o sentimento que eu tinha por Poseidon e não sabia identificar somente aumentava, por mais que ele fosse meu amigo, ainda o achava um completo idiota e retardado. Certa vez, eu estava no mundo mortal e então tinha aquela festa, eu não estava me divertindo, estava entediada e não aguentava mais aqueles homens todos fazendo a corte, o que era normal naquela época, nisso minha mágoa pelos deuses sumiram e fui atrás de Afrodite, havia uma semana daquela festa  que ela estava me ensinando a arte da sedução sem ser vulgar, eu estava próxima ao bar encarando a porta de entrada então eu o vi, caminhando para dentro do salão.
“Imediatamente o reconheci e onde ele passava todos paravam para olhar, mal sabendo aqueles meros mortais que estavam diante do deus do mar, o verdadeiro deus grego. Ele sentou ao meu lado e começamos a conversar, mas tinha uma áurea diferente no ar. Até hoje não sei como, sei apenas que quando me dei conta já estava beijando os lábios de Poseidon. Por exatamente mais um ano e meio ficamos apenas ‘namorando’ somente nos beijos e pegadas mais quentes, e só então tivemos um envolvimento físico. Todos os dias nos encontrávamos, era aquela coisa arrebatadora, intensa, quente, muitas vezes cheguei a comentar com meus amigos que me sentia até sufocada de tanta felicidade.”
Um suspiro fundo se foi ouvido, mas nenhuma lágrima fora derramada, por um momento Aléxia não queria mais causar dor nela, mas ao mesmo tempo estava curiosa, antes que falasse algo, Katherine continuou.
-Trocávamos as mais belas juras de amor e conforme o tempo foi passando o que sentíamos ia aumentando, chegou ao ponto de eu estar tão envolvida que consigo respirar e conversar de baixo d’água. Eu não gostava de vê-lo casado, me ver como a outra nunca foi meu ponto, mas em momento algum o forcei a separar de Anfitrite. Certa noite, depois de nos amarmos mais uma vez, ele veio com a bomba, iria se separar de Anfitrite e já havia comunicado a ela. Nesta época eu já estava com quase vinte anos, mas as guerras que os filhos de Poseidon e Zeus causavam era gritante, fazendo com que a primeira guerra estourasse.
“Eu sempre fiquei de fora, apesar de tudo não gostava daquelas regras e achava um absurdo todo aquele fuzuê, posso ser filha de Hades, mas como fui criada por Perséfone e Deméter que amam a vida aprendi a ponderar e saber quando é o momento certo de brigar ou não. Pedi para Richard e Jhonny ficarem de fora junto comigo, eles não queriam muito aquilo então usei a única arma que eu tinha, disse que Apolo e Poseidon pediu para que eles ficassem de fora, assim eles ficariam orgulhosos deles, uma vez que eles não gostavam dessa briga toda. Não foi de todo mentira, pois naquela noite os dois sonharam  com seus respectivos pais e eles pediram para cuidarem de mim.”
“Ridículo, me lembro que foi o que eu disse, eu não precisava de proteção. Apesar de todo o ar de felicidade, logo isso iria terminar. Alguns filhos de Zeus e Ares nos seguiram, eles estavam todos sedentos por poder e sangue, queriam mostrar que o lado deles eram o mais forte, a luta entre nós foi completamente acirrada, os mais atacados eram Jhonny e eu. Certo momento, eu estava lutando contra dois filhos de Zeus, havia acabado de matar um deles quando tudo aconteceu, foi tão de repente que nem mesmo eu sei como aquilo aconteceu.”
“Assim que enfiei a espada no meu ultimo adversário, ouvi dois ofegos, me virei para trás a tempo de ver meus dois únicos e melhores amigos mortos. Jhonny com uma flecha e Richard com uma adaga. Desesperada me aproximei deles chorando em desespero e as palavras deles dois foram exatamente as mesmas: ‘Sempre estaremos com você, sempre iremos nos proteger.’ Era o nosso lema, naquele momento a dor era tanta que soltei um grito tão agoniado que pela primeira e única vez todos os deuses interferiram na guerra. Apolo, Poseidon e eu estávamos completamente desolados, principalmente eu, depois de fazer o devido sepultamento de todos os semideuses, ainda chorando Poseidon me levou para uma cabana e nos amamos como nunca. Dois meses depois foi decretado que nenhum dos três grandes poderiam ter filhos, como eu já era grande e nunca lutei eles não se importavam com isso, mas papai ficou extremamente nervoso, quando fui confronta-lo, ele disse que havia tido mais dois filhos, eram Bianca e Nico. Apertando os ombros dele, dei a sugestão de leva-los para o Hotel Lótus e Cassino, lá eles estariam salvos.”
“Mas nem tudo se acalmou, Anfitrite ficou louca com o fato de que Poseidon iria terminar com ela para ficar comigo, com isso as brigas entre eles aumentavam, ela queria vir falar comigo mas nenhum deus deixava, além de ter que aguentar o luto pela perda dos meus amigos, a louca da Anfitrite que queria fazer sabe-se lá o que comigo, tinha que lidar com o fato de eu estar sempre passando mal. Poseidon e eu já não tínhamos mais tempo de nos encontrarmos, então quem sempre me ajudava era Apolo, até que uma noite ele me perguntou se eu não estava gravida, pois eu vivia desmaiando, vomitando, com fome, com muito sono e tendo vários desejos. Desesperada fiz ele jurar que não contaria a ninguém, até mesmo porque com a loucura que estava o que poderia acontecer com você?”
“Várias e várias vezes discuti com Anfitrite, só nunca chegamos a nos pegar nos tapas pois Apolo sempre aparecia, ele cuidava de mim e quando completei seis meses e já não dava mais para esconder a gravidez, iniciei uma briga extremamente grande com Anfitrite e como o combinado seu padrinho me levou para longe dali e cuidou de mim o resto dos três meses.”
-Espera...- Aléxia interrompeu.- Quem fez o seu parto?- Katherine soltou uma leve gargalhada.
-Seu padrinho.
-Mas hã?- Perguntou confusa e as duas caíram na gargalhada.- Está falando sério?
-Muito sério.- Ela comentou se recuperando do ataque de risos.- Foi engraçado, pois um dia antes Apolo andava de um lado para o outro desesperado pensando em como ele iria fazer o parto, ele sabia que você nasceria por aqueles dias, já que eu estava com uma barriga enorme. No outro dia, quando minha bolsa estourou, nunca pensei que um deus pudesse surtar, pois ele surtou, se fosse um mortal ele teria desmaiado. Depois de passado o susto você nasceu, tão linda, branquinha, com os pequenos lábios rosados, seu padrinho vestiu você com um macacão que ele mesmo havia comprado, cuidei de você por mais um mês, até que um dia Apolo chegou e assim que ele chegou senti a minha marca de nascença queimar e você chorar, você tinha a mesma marca, no mesmo lugar, então eu soube, você estava sentindo ela queimar.
“Lembro que seu padrinho chegou dizendo: ‘Kath, Poseidon precisa falar com você, o Olimpo está um caos e ele disse que vai procura-la em todos os cantos do mundo.’ Eu estava disposta a contar a ele sobre você, assim que nos encontramos o reencontro fora digno de filme de Hollywood, nos beijamos e ele disse que tudo ficaria bem, ele me deu  um colar em formato de coração com uma pérola no meio, dizendo  que aquilo seria como um adiantamento do anel de noivado. Perguntei o que ele achava de termos um filho junto, ou tentarmos, ele amou a ideia, mas Anfitrite estava ouvindo muito. Naquele dia foi a primeira vez que brigamos de tapas e quando conseguiram nos separar ela jogou a maldição em mim, dizendo que eu iria permanecer jovem para sempre e sem poder ter nenhum filho e que se ela sonhasse que um dia um filho meu e de Poseidon viesse a nascer ela o mataria sem pensar duas vezes. E ela ainda era esposa de seu pai.”
“Com raiva e preocupada com você me virei para Poseidon perguntando se ele não iria fazer nada, ele apenas abaixou a cabeça e ali, na raiva não esperei mais nada, corri até Apolo e me joguei nos braços dele chorando, como um deus, ele me disse que se Anfitrite descobrisse sobre você ela a mataria, e isso eu não poderia aceitar. Então peguei você nos braços, enquanto você distraída brincava com o colar que Poseidon me deu, seu padrinho e eu a levávamos para o Hotél Lótus e Cassino para mantê-la segura. Quando notamos que você já estava segura o suficiente, fomos lá te buscar e Apolo entregou você para Sally, mas ela não sabia de nada de sua história, isso era algo que tinha que ser revelado aos poucos. Todas as vezes que minha marca queimava eu sabia que você estava em perigo, por isso Apolo e eu sempre íamos te ver e enquanto eu destruía os monstros ele a mantinha segura.”
-E quanto a você e papai?
-Depois daquele dia, só voltei a vê-lo na praia. O único que sempre estava comigo era Apolo, ele me ajudou como um ótimo amigo a curar minhas feridas, mas nunca mais fui a mesma.- Confessou respirando fundo encarando Aléxia que nada disse, então Katherine pela primeira vez em anos teve medo de ser rejeitada pela pequena garota que ela ainda acariciava os cabelos.

0 comentários:

Postar um comentário

Foi preciso fazer isso babys